quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

simplEs

Hoje recuperam-se “E”xcertos de um texto de há muito tempo atrás.
“Muito tempo atrás” – daquele que não se contabiliza em segundos, minutos, horas, dias, meses, anos…
É assim quando a intensidade faz sombra à razão.
Relativo talvez!
Resumindo: poder-se-ia chamar à reflexão nocturna “edições”.
A palavra certa até começa também por “E”…
Mas não se gaste agora, e nesta necessidade de devaneio, o sinónimo da palavra “A”.
O seu a seu dono e MUITO RESPEITO pelo dono d(e)as(sa) palavra(S)…
Fiquemos com o “E” de “Era”.
(e que a noite decida se antes do substantivo se colocará um adjectivo… quem sabe “nova”?)
Em Setembro de 2008 escreveu-se qualquer coisa assim:
“Recentemente, no Verão que é rico em festivais de folclore e em eventos organizados e preparados com todo o brio por parte das colectividades, subi a um palco para receber uma lembrança que, gentilmente, o presidente do Rancho Local me encarregava de fazer chegar ao meu director… Sem qualquer sede de protagonismo (e até bastante corada) constatei ali, em cima do palco, o quanto é importante, para as colectividades de um Concelho, um Jornal Local. Quantas boas iniciativas em prol da comunidade passariam em branco não fossem os as nossas objectivas e as entrevistas entusiasmadas que os líderes das associações nos concedem?”
CONTINUAVA…
“Saberíamos que em Guifões se está a construir um forno tradicional para ensinar os mais novos a cozer a broa à moda antiga? Saberíamos que em Esposade se pretende reconstruir uma casa da lavoura para perpetuar as origens agrícolas daquele lugar de Custóias? Saber-se-ia que os Vareirinhos de Matosinhos precisam de uma sede como de “pão para a boca” ou que o clube ADRA, de Leça do Balio, alimenta a esperança de continuar a tirar da rua meninos e meninas que poderão ver na prática do Desporto uma forma de evoluir?”
ENTRETANTO ACRESCENTOU-SE
“Saberíamos que as meninas do Lar de Santa Cruz precisam de ajuda para ultrapassar mais um Inverno frio? Ou que a Associação Portuguesa de Portadores de Ictiose – uma patologia desconhecida pela maioria e que põe na calha da discriminação muitos doentes todos os dias – nasceu, já foi à Assembleia da República, realiza conferências Europa fora, campanhas de angariações de fundos “in” ou “out” fronteiras Concelhias e que a sua fundadora é de cá? Seria conhecida a história dos telefonistas da autarquia que concorreram a líderes da ACAPO? Ou a história do menino que precisava – E CONSEGUIU – de um aparelho auditivo para não ficar, no auge da juventude, totalmente surdo? Os holofotes estariam virados para os Bombeiros Voluntários de Leixões e para a crise, não fosse o Semanário Local ter publicado peça sobre a assembleia-geral onde o buraco financeiro foi revelado?”
RECORDOU-SE UM PASSADO MAIS RECENTE (já passado no entanto)
“Outra vez, essa mais recente, ao receber – a pedido, sublinhe-se, da direcção – um galardão entregue pela Associação das Colectividades lá da Terra, lembrou-se a ‘escrevinhadora’ de dizer que tinha estado na véspera no aniversário do Alto do Avilhõ, uma das muitas colectividades que dá o nome, a cara, a camisola, o suor e (até vai parecer frase feita) e as lágrimas, por uma Freguesia, um Concelho, uma Modalidade, um EMBLEMA, e ‘só sentiu frio à ida e na volta tardia à casa, porque lá dentro o calor humano do associativismo tinha sido imenso’”.
E CONCLUI-SE
“Lembrou-se se calhar porque sentiu o que disse. Algumas mentes não pensam assim. Valha-nos a carta do artesão da Cidade das Flores, S. Mamede, ou o postal de Natal dos meninos das escolinhas para se manter o “calor” do porquê de se sentir. Simplesmente assim. Aliás MUITO SIMPLESMENTE porque a maioria das coisas é mesmo isso: SIMPLES!”.
E que o “E”(n)canto se mantenha simples porque “escrevinhar” também começa por “E”.

...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

um livro

Apesar de ter mil e um livros por terminar, por começar, por completar, por continuar, por ler e reflectir e assimilar e voltar a ler e aqueles que nunca saíram da estante, e os que não voltam para a estante, e ainda os que não sabem o que é estar numa estante, os que são estante, os por começar, os que aguardam uma oportunidade, os que têm todas as oportunidades do mundo, os que são a oportunidade, apesar de ter mil livros para perceber, ler, assimilar, pousar, e até começar... Hoje comprei um livro novo... Um impulso fortíssimo... "Hoje preferia não me ter encontrado" de Herta Muller, Prémio Nobel da Literatura 2009. Receosa, expectante, a precisar de impulsos, a desejar senti-los, a desesperar por sinais, com os sentidos a latejarem em turbilhão, a querer a custo serenar os elementos todos... Um livro... É só mesmo isso... Não existem entrelinhas, nem segundos sentidos... Intenções?! É mesmo só isso: um L I V R O! Desejem-me Boa Sorte! Vou começar agora. Estou com aquele formigueiro de páginas novas a cheirar a folhinhas novas. Ainda agora tirei o preço (detesto ter literatura entre as mãos que ainda carregue, ainda que sob a forma de etiqueta da Almedina, o traço do capitalismo) e vou começar, contrariando hábitos antigos, pela primeira página. E... E... Desejar... Sonhar... Ansiar... Que chegues entretanto para por termo à ressaca literária. Tantos saltos da prateleira, sou/estou cada vez mais treinada, interpretar-te e aceitar-te. Vamos ler! REPITO: "Não existem entrelinhas!" É mesmo tão simples como isto: um livro!
...

C/O (N) T


I heard that you're settled downThat you found a girl and you're married nowI heard that your dreams came trueGuess she gave you things, I didn't give to you

Old friendWhy are you so shyIt ain't like you to hold backOr hide from the light

I hate to turn up out of the blue uninvitedBut I couldn't stay away, I couldn't fight itI hoped you'd see my face and that you'd be remindedThat for me, it isn't over



Never mind, I'll find someone like youI wish nothing but the best for you, tooDon't forget me, I beg, I remember you saidSometimes it lasts in loveBut sometimes it hurts insteadSometimes it lasts in loveBut sometimes it hurts instead, yeah

You'd know how the time fliesOnly yesterday was the time of our livesWe were born and raised in a summery hazeBound by the surprise of our glory days


I hate to turn up out of the blue uninvitedBut I couldn't stay away, I couldn't fight itI hoped you'd see my face and that you'd be remindedThat for me, it isn't over yet

Never mind, I'll find someone like youI wish nothing but the best for you, tooDon't forget me, I beg, I remember you saidSometimes it lasts in loveBut sometimes it hurts instead, yeah

Nothing compares, no worries or caresRegrets and mistakes they're memories madeWho would have known how bitter-sweet this would taste

Never mind, I'll find someone like youI wish nothing but the best for you, tooDon't forget me, I beg, I remembered you saidSometimes it lasts in loveBut sometimes it hurts instead

Never mind, I'll find someone like youI wish nothing but the best for you, tooDon't forget me, I beg, I remembered you saidSometimes it lasts in loveBut sometimes it hurts insteadSometimes it lasts in loveBut sometimes it hurts instead, yeah, yeah

Um Século de histórias para contar…


Como se chega a esta idade?

“Com calma e felicidade, menina”

Elisa Ferreira da Silva, a avó Lisa como carinhosamente é chamada, celebrou 100 anos de vida… Rodeada dos filhos e dos netos, contou o segredo da longevidade…

Pergunta obrigatória: “Como se chega a esta idade?”. Resposta imediata: “Com muita calma e muita felicidade, menina”. Elisa Ferreira da Silva nasceu a 18 de Agosto de 1911. A família nunca trocou Matosinhos e também foi neste Concelho que casou, teve os filhos e os netos que, agora, “porque os tempos mudaram muito”, também já andam por outros lugares…

Filha de António Ferreira da Silva e Maria da Silva Alves, a Dona Elisa conheceu o marido aos 16 anos. Ao pai chamavam “O General” mas ao se encantar de amores por Manuel Paiva Júnior – o Sr. Paiva, chefe dos Correios – nem a alcunha paterna impôs respeito e o casório deu-se em pouco tempo.

Esta é a memória, aos 100 anos de idade que mais tem presente: o momento em que decidiu ser esposa de Manuel Paiva Júnior. “Ele era barbeiro e passava na rua à porta da fábrica onde meu pai trabalhava e engraçou comigo… Eu engracei também… Casei antes de fazer 17 anos. Nessa época era assim. Hoje é que se casa muito tarde. As moças procuram outras coisas antes…”...

Sobre a alcunha do pai, já ajudada pela família que a rodeava em dia de festa, explicou que quando este trabalhava numa conserveira, liderou uma greve de funcionários que reivindicavam mais 20 reis. O patrão terá chegado e perguntado: “Quem manda aqui?” E António Ferreira da Silva terá respondido: “Eu”, sendo de imediato aclamado como “O General”.

Elisa Ferreira da Silva estudou antes de se dedicar por inteiro à vida doméstica e à família. As palavras atrapalham-se na boca na hora de explicar o nome da escola. Seria nas Escolas do Adro ou com a Dona Elvira, professora particular? Talvez ambas as situações.

Estão mais nítidos os passeios com o marido, os filhos e os netos que já vão em quantos? Façamos as contas… A avó Lisa tem: três filhos (“duas meninas” de 80 e 66 anos e “um rapaz” de 81), nove netos, 18 bisnetos e um trineto a caminho.

A maior alegria da Dona Elisa é vê-los por perto. Actualmente mora com uma filha mesmo no coração do Concelho de Matosinhos, mas já esteve em Leça da Palmeira com um neto. De Leça guarda muitas, “talvez das melhores de sempre”, recordações… “As idas à praia… Ai a praia. Ai a paisagem de Leça… Gostava mais de Leça antiga. Agora está moderno. É bonito, mas é diferente”.

A dedicação à família e os passeios foram sempre intervalados pelas horas passadas no quintal e de volta dos arranjos de flores. Para explicar melhor este passatempo, eis que as bisnetas Catarina Cândido e Ana Sofia Cândido se juntam à conversa… Viveram com a avó Lisa e foram responsáveis por muitas travessuras. “A avó arranjava as jarras e as flores e nós destruíamos a seguir”. Mas a serenidade da Dona Elisa nunca se abalava… “Nunca se zangou. Achava graça e fazia de novo”, completaram, antes de rematarem que “passar horas no quintal com a avó era muito bom, muito saudável e divertido”.

Ainda a propósito deste gosto por plantas e jardinagem, eis que a neta mais nova descobre outra das possíveis razões para a longevidade da avó Lisa: “Acordar cedo e ir tratar das flores. Deitar cedo depois de ter brincado com os netos enquanto todos ajudávamos a tirar ervas daninhas”, lembrou Fátima Cândido.

E por falar em brincar com netos e em travessuras… Outra das memórias presentes é uma ida à praia com os pequenitos. Todos usavam roupas iguais. Um deles decidiu fugir e lá vai a avó de barraca em barraca a mostrar a roupa do pequeno – na época com cinco anos, agora homem feito de 46 – e a desesperar por auxílio. “Isso é que foi chorar, menina… Nem imagina a aflição…”.

Atenta à entrevista/conversa de amigAs, está a irmã da Dona Elisa. Maria Fernanda Ferreira da Silva já conta com 92 anos de idade e ainda assim vem todos os dias a pé deste da Av. da República até França Júnior para fazer companhia à irmã e dar uma “folguita” à sobrinha que agora cuida e vive com a nossa matosinhense centenária.

Estará no sangue desta família algum segredo para tanta longevidade e boa disposição? “Não sei mas a vida cheia de felicidade e serenidade é capaz de ajudar”, confidenciou-nos a Dona Maria Fernanda.

E eis que surge mais uma revelação tanto dos tempos de mocinha nova como de namoro: “A mãe gostava muito dos bailes do Orfeão de Matosinhos… Era ou não era? Dançar muito…”, disse-nos Maria Joaquina de Paiva Cândido, confidenciando que tratar da mãe é “um gosto” porque com 100 anos continua “muito serena e tranquila”.

Diversão e alegria não faltaram no passado, nem agora. O dia de aniversário foi preenchido por passeios de manhã: Foz, Senhora da Saúde e Monte de S. Brás, onde todos os anos os Silva Paiva – ou “Generais” por herança do trisavô – faziam um pic-nic de família, foram os destinos de eleição. Para as 18 horas estava agendada uma missa de Acção de Graças na Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, onde a avó Lisa casou e baptizou os filhos e netos. E para fechar em beleza o bolo seria aberto e os parabéns cantados num lanche-convívio, onde também participaram todas as gerações da família. (e EU… OBRIGADO!) O David, de um ano e dois meses, “o mais novo por enquanto” dividiu, com a aniversariante, as atenções em dia de festa.

“Sabe menina, sou capaz de morrer depressa agora, mas a verdade é que já vi de tudo e fui muito feliz, muito bem cuidada”, concluiu Elisa Ferreira da Silva com a sinceridade e a felicidade a brotar de dois grandes e lindos olhos azuis.

Morrer depressa? Essa agora?! Olhe que desej(o)amos vê-la e conversar de novo por muitos mais anos.

(+-)
Jornal de Matosinhos_Ago11
...

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Embrulho

Em dias e dias, atrás de dias, dias iguais, dias chamados rotina, dias chamados cansaço, dias de silêncio e dias de gritos, dias desesperados à espera da noite, noites que demoram a ser dias atrás de dias, há momentos de dias que despertam, com uma naturalidade indescritível, o porquê de passarmos e aguentarmos esses dias, antes das noites e tendo consciência de que virão sempre novos dias de gritos, a maioria em silêncio.

Desses momentos, destaque para o fim de tarde de bola que transpira descontracção mental misturada com tensão intelectual. Só a ficha conta. O cronómetro marca o compasso do tempo. Os 90 minutos querem-se como uma espécie de absorção de forças para as próximas horas todas que antecedem o novo fim de tarde de bola.

Mas, a próposito dessa necessidade de ganhar forças e desses momentos de despertar para a necessidade de passar e aguentar todos os silêncios e todos os gritos, destaque para O momento "naturalmente indescritível".
...
Lá em baixo, na garagem, fecha-se a porta com força, qual travessura de gente grande, para dar sinal de vida. Chegou alguém. As escadas vão sendo subidas aos poucos, ora a espreitar, ora a recuar. Chama-se o nome devagarinho e a sussurrar, antes de lançar o nome com força.
E no cimo das escadas, entre as gradezinhas brancas que separam o chão seguro do mergulho preocupante, aquelas mãozinhas pequeninas e um sorriso enorme. O desejo de abrir o obstáculo à força bruta como se não houvesse tempo a perder atrapalha a coordenação dos movimentos através de dedos delicados que querem pressionar o "botão da liberdade" fundida em abraço.
Que sensação de felicidade absorvida através do mais espontâneo e sincero dos sorrisos. Dois olhos enormes a pedir colo, aviões, coceguinhas… Que brilho! Que necessidade de dizer "Obrigado!".
Festinhas nas bochechas e narizinhos de esquimó entre mil animais espalhados pelo chão, porque "hoje é quinta na Quinta". Mil corridas pela sala, antes da brincadeira das cores: pretexto pró "peto" e pró "banco" que formam o "bitoia". Depois do kiwi "vede com olhinhos"…
Com as mãozinhas pequeninas, mas imensas! E os olhinhos a brilhar mesmo por cima do sorriso transparente.
"Uma pernita, duas pernitas, um bracito, dois bracitos, o pijamita do ãoão Salsicha que tem quatro patitas, uma 'etória'…" e a melhor frase do Dia: "BOA NOITE TI PAUINHA!".
..
Após partilha deste(S) Momento(S) – como se as palavras, provavelmente e infelizmente, mal amanhadas e mal inter-ligadas, quiçá nem sequer interpretadas, formassem um embrulho – destaque para absorção, repetida e inevitável, de eternidade, sintetizada na principal frase da NOITE antes do DIA: “BOM FEVEREIRO!”.
...