quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Terça-feira, 22 de Janeiro de 2008

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Tira a mão do queixo não penses mais nisso
o que lá vai já deu o que tinha a dar
quem ganhou, ganhou e usou-se disso
quem perdeu há-de ter mais cartas p´ra dar
E enquanto alguns fazem figura
outros sucumbem à batota
chega a onde tu quiseres
mas goza bem a tua rota
Enquanto houver estrada p´ra andar
a gente não vai parar enquanto houver estrada p´ra andar
enquanto houver ventos e mar
a gente vai continuar enquanto houver ventos e mar
todos não pagamos por tudo o que usamos
o sistema é antigo e não poupa ninguém
somos todos escravos do que precisamos
reduz as necessidades se queres passar bem
que a dependência é uma besta
que dá cabo do desejo
e a liberdade é uma maluca
que sabe quanto vale um beijo

JORGE PALMA (sempre!)

Uma vez, como um impulso a meio (por acaso até foi no fim) de um texto bem ponderado (como ainda exigia o momento, afinal houve medo desde sempre), escrevi a ultima frase desta letra.
Tinha ouvido a música vezes sem conta. Tinha ouvido a caminho do trabalho. Tinha ouvido em frente ao mar. Tinha ouvido entre lágrimas e sorrisos. Tinha ouvido no quentinho de um café a beber um (o) chã (do aconchego desejado). Tinha ouvido à noite depois de arrumar o quarto da revolta matinal. Tinha ouvido tanto e tantas vezes, sempre embrulhado em emoções diferentes e muito iguais…
Depois lá ficou no texto, em jeito de remate do dia que já era noite.
E como, depois de tantas lágrimas (sentidas pelo medo que o tempo acabasse no minuto seguinte) e de tantos sorrisos, porque é sempre assim que se fica depois de chorar em frente ao mar, tive a certeza… Se te ouvi tantas vezes… Se te ouvi em pranto e tranquila… Mais tarde ou mais cedo regressas e dás-me novo sinal!
Foi (ontem) por volta das 19h00 (e às 23h00 também)
(em jeito de agradecimento aqui fica a letra toda)

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Escrever sobre histórias…

Hoje, se me pedissem, só escreveria uma história atrasada de um qualquer tema atrasado, porque só me apetece escrever sobre coisas atrasadas no tempo, que ficaram por contar ou mãos por tocar.
Os suspiros foram todos sentidos. Por isso, hoje, agora, vou copiar um artigo para pensar no que está em atraso...


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Depois de um ano de Missão na Guiné-bissau, e de um livro publicado, o pároco António Almiro Mendes prepara-se para voltar a aventurar-se por terras africanas, já que no dia 21 deste mês vai partir, de jipe, rumo a Bissau. A ideia é “oferecer” o jipe à população guineense, um carro que partirá “cheio até ao tecto” e que será “uma mais valia” para a Casa Missão da capital da Guiné, porque… “lá um jipe salva vidas”.

António Almiro Mendes é padre há 18 anos, e no ano passado, pela primeira vez, realizou uma viagem como missionário. O destino pouco importava o pároco de Ramalde que apenas desejava “servir” e “ajudar os mais carenciados”. A Guiné-bissau acabou por ser o país onde António Almiro Mendes foi padre, enfermeiro, construtor civil, barbeiro… “Fiz de tudo, mas os ofícios pouco importam, porque as carências eram tantas”...

“Foi a experiência mais extraordinária que tive, enquanto homem, e enquanto padre. Vivi com um povo que não tem sequer direito ao sofrimento mínimo [em alusão irónica ao rendimento mínimo português] porque sofre ao máximo ou moderadamente conforme a sorte”.

António Almiro Mendes regressou de África como muitas histórias para contar, algumas delas acabaram compiladas no livro “Sinfonia das Palavras Íntimas”, uma espécie de álbum de fotografias e de memórias que revela as dificuldade de um país onde a esperança média de vida é de 43 anos para os homens e 45 anos para as mulheres.

“Na Guiné existe um único carro de bombeiros para o país todo, mas está avariado. Não há água canalizada, nem luz eléctrica. Muitas crianças vivem de comer arroz de dois em dois dias, e nunca viram um branco na vida. Tocam-nos, perguntam como são os meninos de Portugal, pedem e bebem água como se fosse o seu bem mais precioso. E na Guiné, a água é o bem mais precioso”.

O dinheiro angariado com a venda do “Sinfonia das Palavras Íntimas” será para investir em bens de primeira necessidade e para ajudar a pagar o jipe que partirá ainda este mês, atravessando países como Marrocos, Senegal e Mauritânia. O nome do livro, prende-se com a importância da definição “Palavra”: “É a casa do ser. É através da palavra que nos revelamos. Estas palavras são íntimas porque são, exactamente, o que senti”.
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Em atraso...

“Percebi que tinha de estar preparado para tudo. Ganhei força, disse a Deus que estava preparado para morrer e fiquei tranquilo”

“Partir obriga a partirmo-nos por dentro. O que vale é que Deus guarda os fragmentos todos e junta tudo como recompensa”

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“Conversas com Café” // Tertúlia na Paróquia do Padrão da Légua (Matosinhos) // “Ser Cristão e ser Missionário” // Padre António Almiro Mendes, pároco de Ramalde (Porto) // 11 de Janeiro08

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Pisca...

*A maior Árvore de Natal da Europa,
num domingo ao fim da tarde, em família*

Coisinhas fáceis que sabem bem por serem ideias tão simples…
Luzes sobre carris ou seriam carris com luzes? Uma árvore para uns, outra árvore para outros, e mais luzes e mais carris. Pelo menos pareciam carris…
E pisca aqui e pisca ali e “Vamos dar a volta à árvore”. E afinal passeio não fica para o ano que vem e até se prolonga, porque pisca aqui e pisca ali…
Decide-se pelo metro, porque o passeio prolongado exige lugares sentados, e sobre carris, os olhos esbugalhados (ou estariam ainda ofuscados pelas luzes) quase perdem o momento… “Olha o rio” e olha outra vez as luzes.
“Um lado é mais bonito que o outro”, quando antes os lados nem interessavam, porque antes as luzes eram circulares, e os olhos que agora olham para o lado, arrebitando o pescoço, antes estavam espetados em cima, de nariz à frente, sem olfacto, só sensação visual de um todo.
Curioso é que antes se olhava com a sensação de que o piscar pairava no ar e depois se olhou com a sensação de que os pés estavam na terra e as luzes lá em baixo, como está a árvore na terra, se bem que algumas não estão.
Afinal os pés estavam em cima de tudo, porque o tudo não é mais do que os elementos conjugados debaixo dos pés que pisam carris como se fosse solo duro, depois de terem olhado uma árvore como se voasse à sua volta.
Pisca…
Pisca…
Mas de entre a “maior árvore”, uma ponte com luz, e “um andante” que, sim, “serve para outras vezes e é para guardar”, o que mais piscou foi o olhar da minha mãe e o sorriso cúmplice do meu pai.
Um disfarça, outro não sabe disfarçar e as coisinhas simples sabem bem porque nascem de ideias fáceis de concretizar.


JÁ EM JANEIRO
SEMPRE EM FAMILIA

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Lágrimas

(Quinta, 3 de Jan/08)

Souberam a fúria, e depois souberam a riso salgado quase envergonhado pela fúria inesperada. Alias, esperada, normal, espontânea, habitual: sentida!
Souberam a querer e não poder estar. Querer sempre, como sempre, como um vicio, como um (o) vicio bom.
Souberam a sentir e desejar e querer e depositar esperanças e depois souberam a raciocínio sorridente e a uma tranquilidade lenta, desta vez húmida também.
Souberam a uma frustração agradecida pela lembrança, porque souberam a contradição.
Souberam bem, como (quase) sempre!
Souberam ao que sabem as lágrimas quentes de um fim de tarde preguiçoso e pensativo.


Mais tarde - o resto - soube bem. E no fim - o tudo - soube a vida!