sábado, 26 de maio de 2007

Pirilampo Mágico


sexta-feira, 25 de maio de 2007

Reflexões citadinas /sentir cidades/

Curioso perceber que aquilo que sempre negamos ou escondemos atrás de sonhos, raízes, amores ou lembranças tidas como maiores, se torna tão nítido e impossível de esconder.
Coisas simples como percorrer o Bolhão num fim de tarde em que já nada tem aquele aspecto que cativa o freguês, o impulso de percorrer o Bolhão ajuda a perceber, e “impulso” diz tudo, que somos, sou, podemos ser de vários sítios.
Só quem percorre o Bolhão pálido ao fim da tarde é o turista sedento de coisas típicas, que leva, como um troféu, a fotografia da tripeira de bata, socas e toco. Ou percorre o Bolhão, ao fim da tarde, já com o sol a querer fugir, um pseudo estudante de qualquer coisa que corta caminho no regresso a casa e vai ouvindo o pregão que fará parte dos seus apontamentos pseudo diferentes que falam de bairrismo, de povo, de história, de património, de léxico…
Eu hoje percorri o Bolhão, depois de percorrer outras tantas ruas da Baixa (que saiba-se está viva, muito viva) mas não sei em que grupo me devo incluir.
Tinha saudades da Baixa. Acho que percorri a Baixa porque há coisas que cansam, e absorver a torre da Câmara, a partir da estação da Trindade, num transbordo esporádico, não chega para quem já não nega o que sente e o que precisa em relação a esta cidade.
Foi um passeio simples e curto. Passeios que começam em impulsos não precisam de ser longos nem cheios de aventuras. Os impulsos que resultam em passeios também dispensam fotos do momento, postais ou souvenir’s.
Há coisas que só se sentem, porque nem sei porque escolhi aquela rota, podia, tinha, tenho sempre a Cordoaria, as Virtudes e a Ribeira, o Bairro Dona Inês, a cidade oferece-me tanto, mas senti o Bolhão e as ruinhas que estão Vivas à volta.
E hoje à noite, o passeio será outra vez simples, talvez longo, quem sabe só, provavelmente até ao fechar de um bar qualquer, ou de sempre.

Impõe-se simplicidade, assim como se impõe que se respire Baixa.
E há coisas que não se explicam, só se sentem, impulsos que só se cumprem.

Ruinas citadinas /sentir cidades/

Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
Eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,
E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?
Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

Quem me leva os meus fantasmas
Pedro Abrunhosa
...
FOTO: Praça de Lisboa - PORTO
(junto aos Clérigos)
6 de Maio/07

terça-feira, 22 de maio de 2007

O REGRESSO DO REI








Há momentos difíceis de explicar.
Estar no estádio, num domingo, em que os chamados três grandes decidiam tudo, o primeiro lugar, a entrada na Liga dos Campeões, numa tarde em que alguns ainda queriam disputar taças de II Liga, com 29.810, por extenso: VINTE E NOVE MIL OITOCENTOS E DEZ Vitorianos a torcer pelo mesmo, a gritar pelo mesmo, é mágico, indescritível, comovente, numa palavra: U N I C O.
As fotos representam as manifestações de apoio à equipa, numa tarde em que, festa feita na semana anterior, já só importava mostrar a raça de adeptos, seguidores, apaixonados que sentem o mesmo.
O bairrismo, para muitos, confunde-se com fanatismo. Para outros é de enaltecer (comentadores que sabem pouco do que falam, mas gostam do politicamente correcto quando isso já convém outra vez, não vão os arruaceiros ficar na Liga por muito tempo).
Mas para NÓS, nem é bairrismo. É alma, sentimento, vida e coração a sentir o mesmo. MESMO Sentimos o mesmo, porque não vestimos camisolas sobrepostas, tiradas nos momentos de aflição ou de glória conforme o prazer e o querer aparecer nos jornais.
Ser vitoriano é simples, porque é ser simplesmente… VITORIANO
Se este post tivesse som, saltava no ecrã nos momentos em que se grita por Guimarães.
Se tivesse som, ouvia-se que somos o Berço da Nação.
Se tivesse som, ouviam-se os gritos e os choros.
Se tivesse som, nada se ouvia no momento em que, em coro mudo, os vitorianos se uniram em cordão humano para apoiar a equipa.
Porque somos tudo e até agressivos e contestatários.
Porque somos acima de tudo Vitorianos do primeiro lugar, ao último, da primeira à segunda, na festa e…
Desta vez, na festa, felizmente!

20 de Maio de 2007 // 16h00 // Estádio D. Afonso Henriques // Guimarães // Companheiras de suor e lágrimas: Paula Daniela e Silvi
...
(dedicado à amiga que está longe, ao adepto passivo e preguiçoso, mas convicto e sofredor, que me fez sócia só aos 19 anos, ao meu Mundo Vitoriano, e aos que estão perto e sentem o MESMO... dedicatórias a Cajudas e Flávios Meireles há muitas, de qualquer forma Obrigado e Parabéns)

terça-feira, 15 de maio de 2007

Coimbra, C de Celestial (II)

Queima das Fitas de Coimbra // Liquido + Jorge Palma + Pedro Abrunhosa // 11 de Maio de 2007

As fotos
(não) podiam ser mais nítidas
fiéis ao momento

As letras
tantas escolhas possíveis…
mas estas (alias todas porque afinal estamos a falar do mestre) ficam, marcam, lembram, vibram…
Quero o silêncio do arco íris
Quero a alquímia das estações
Quero as vogais todas abertas
Quero ver partir os barcos
Prenhos de interrogações

Amo o teu riso prateado
Como se a lua fosse tua
Vou pendurar-me nos teus laços
Vou rasgar o teu vestido
Eu quero ver-te nua

Vivemos no tempo dos assassinos
Tempo de todos os hinos
Ouvimos dobrar os sinos
Quem mais jura
É quem mais mente

Vou arquitectar destinos
Sou praticamente demente...

Eu quero ver-te alucinado
Eu quero ver-te sem sentido
Sem passado e sem memória
Quero-te aqui no presente
Eternamente colorido

Porque abomino o trabalho
Se trabalhasse estava em greve
Se isto não te disser tudo
Arranja-me um momento mudo
O menos possível breve

Vivemos o tempo dos assassinos
Tempo de todos os hinos
Ouvimos dobrar os sinos
Quem mais jura
É quem mais mente

Vou arquitectar destinos
Sou praticamente demente...

Amo o teu riso prateado
Como se o Sol só fosse teu
Vou pendurar-me no teu laço
Amachucar-te essa camisa
Como se tu fosses eu
Como se tu fosses eu
Como se tu fosses eu
Tempo dos Assassinos
JORGE PALMA
(Frases que ficam II)
Os teus olhos são cor de pólvora e o teu cabelo é o rastilho
O teu modo de andar é uma forma eficaz de atrair sarilho
A tua silhueta é um mistério da criação
E sobretudo tens cara de anjo mau

Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder

Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?

Que posso eu fazer ao ver-te acenar a ferida universal?

Que posso eu desejar ao avistar tão delicioso mal?
Que posso eu parecer quando me sinto fora de mim?
Que posso eu tentar senão ir até ao fim?

Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder

Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?

Por ti mandava arranjar os dentes e comprava um colchão

Por ti mandava embora o gato por quem tenho tanta afeição
Por ti deixava de meter o dedo no meu nariz
Por ti eu abandonava o meu País

Cara de anjo mau, tu deitas tudo a perder

Basta um olhar teu e o chão começa a ceder
Cara de anjo mau, contigo é fácil cair
Quem te ensinou a ser sempre a última a rir?

Cara d'Anjo Mau
JORGE PALMA
(Frases que ficam I)

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Coimbra, C de Celestial


Viagem (s)
Novas viagens, sempre acompanhada
Sentir a cidade já de noite
“Quero sentir-te em novas cidades”
Mondego
Sem tempo, só espaço
Um regresso (um regresso aguardado pela certeza das emoções de sempre, estas sim, de sempre)
O som a entrar muito bem
Sempre bem
Perdidos (ou não, nunca aliás) no som, na música, no ritmo
Mestres e monstros de palco
Perdidos nos mimos, nos turbilhões (longo, bom e muito longo)
Frases que ficam
“Falamos de tudo”
Frases que doem e não querem ficar
“Às vezes parecia uma despedida”
Coisas que marcam
O sono, a revolução mental, as palavras repetidas (ou retidas) e cansativas (talvez cansadas)
Sentimentos…
Embalos…
Protecções…
“É sempre perfeito e cada vez melhor”
“Sim”
“Corremos um risco enorme”
“Porquê?”
“Não sei onde vamos parar”
Sentimentos…
Sentimentos celestiais

Queima das Fitas de Coimbra // Liquido + Jorge Palma + Pedro Abrunhosa // 11 de Maio de 2007

terça-feira, 8 de maio de 2007

Vou fazer uma espiral na areia em forma de S

Apetece-me falar disto há dias.
Apetece-me raciocinar sobre as emoções dos últimos tempos há dias, e quando digo raciocinar, é raciocinar por escrito.
“São sentimentos em catadupla”, disse-me uma amiga que está lá longe, respondendo a uma mensagem sentida, num momento de saudades e nostalgia, daquelas que batem sem aviso, mas sabem bem, muito bem.
Tenho sentido saudades todos os dias, todos os minutos, todos os instantes.
SEMPRE gostei desta palavra - SAUDADE. Tem o charme do verbo português, tem a musicalidade que lhe dá o fado triste e o fado vadio de que tanto gosto, tem o ritmo de ser dita (e cada vez mais) a soletrar, tem a magia de não ter tradução em nenhuma língua. É simples, mas traduz sentimentos que não são nada simples, ou são. Simplesmente são sentidos.
Sinto saudades de tudo.
Sinto saudades quando estou a matar as saudades.
Crio saudades quando acabo as saudades de antes.
E nunca existe antes, ou depois, nem espaço, nem tempo, só duas palavras que começam pela mesma letra: Sempre e Saudades.
Senti saudades de tudo, aliás (repito-me) sinto saudades de tudo.
Do curso e da Queima das Fitas sem compromissos laborais.
De escrever cartas à mão sem ter preguiça.
De embalos, de mimos, de toques, de sabores.
De beber um licor café bem acompanhada.
De ver a catedral ao contrário.
De usar roupas fresquinhas quando já estou morena.
De delirar nas noitadas da faculdade.
De comprar cinco calipos numa só tarde.
Da sangria do Tasco e da receita da Piedade.
Tenho saudades de amigos que estão tão perto e de amigos que estão longe.
Tenho saudades de mimar a minha família sem que me vejam segundas intenções.
E tenho Sempre Saudades destas iniciais, das iniciais de quem tenho mais Saudades Sempre.

*Sem desculpas nem obrigados. Nem sei se minhas ou tuas, ou nossas, mas não quero desculpas nem obrigados. Só saudades e sempres, palavras que são sinónimos de certezas. Não, não vamos desistir. Não te deixo. Não me deixas. Não queremos. E ambos merecemos. Merecemos (nos)*