sábado, 25 de dezembro de 2010

Porque me olhas assim

diz-me agora o teu nome
se já dissemos que sim
pelo olhar que demora
porque me olhas assim
porque me rondas assim
toda a luz da avenida
se desdobra em paixão
magias de druida
p’lo teu toque de mão
soam ventos amenos
p’los mares morenos
do meu coração
espelhando as vitrinas
da cidade sem fim
tu surgiste divina
porque me abeiras assim
porque me tocas assim
e trocámos pendentes
velhas palavras tontas
com sotaque diferentes
nossa prosa está pronta
dobrando esquinas e gretas
p’lo caminho das letras
que tudo o resto não conta
e lá fomos audazes
por passeios tardios
vadiando o asfalto
cruzando outras pontes
de mares que são rios
e num bar fora de horas
se eu chorar perdoa
ó meu bem é que eu canto
por dentro sonhando
que estou em Lisboa

dizes-me então que sou teu
que tu és toda p’ra mim
que me pões no apogeu
porque me abraças assim
porque me beijas assim
por esta noite adiante
se tu me pedes enfim
num céu de anúncios brilhantes
vamos casar em Berlim
à luz vã dos faróis
são de seda os lençóis
porque me amas assim


FAUSTO BORDALO DIAS
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Feliz Natal!

Venda de Natal / mostra de trabalhos com materiais recicláveis

do Centro Cultural e de Solidariedade Social, Associação de Desenvolvimento Social e Colégio Novos Rumos,

Freguesia de Guifões - Matosinhos

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Sobre mãos entrelaçadas

Mãos que colam no momento exacto de descolar
Mãos que sangram no momento exacto de suar
Mãos que partem no momento exacto de ficar
Mãos que pecam no momento exacto de pecar, de ficar, de sangrar, de colar e descolar, logo de seguida… Entrelaçadas.
As rugas, os calos, as histórias… As mãos de histórias.
De mãos dadas sempre. De mãos dadas sem estar. De mãos dadas com as histórias. De mãos dadas com A história
As mãos que se cruzam sobre o peito e as mãos que se encontram sobre as costas e as mãos que se perdem sem corpo
Mãos a preto e branco. A dança das mãos.
Sobre a simplicidade de duas mãos entrelaçadas. Sem estar. Só para acompanhar movimentos de mãos que não tocam nunca, por tocarem sempre.
As cores das mãos. As cores entrelaçadas… Como as mãos a preto e branco que descolam no exacto momento de colar e sangram no momento de dançar.
Mãos
Entrelaçadas


Muito simples, bastante rugoso e até pobre... Só mesmo para dar as boas-vindas a Dezembro, esquecer o frio das mãos e partilhar o intérprete que aquece a noite
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