domingo, 9 de março de 2008

Sábado, 8 de Março de 2008


Andava pelas ruas como se as visse pela primeira vez, com vontade de as absorver por inteiro e de as descobrir ainda mais – Sugar todo o tutano da vida, tinha ouvido vezes sem conta e acreditava – e cheirava e observava e voltava atrás e andava ora em silêncio ora a trautear musicas sem nexo.
A dado momento parou e abriu os olhos. Quis perceber melhor, entrou, ouviu, sentiu e passou a trautear músicas com muito nexo, apesar de não saber as letras ou as entoar muito mal ao ouvido do percebido.
Não interessava! Sentia!
Voltou a sair com um cheiro que já era outro e com a vontade de desfrutar daquilo que tinha acabo de conhecer, absorver, descobrir… Sim! Porque era aquilo que queria.
Mas não havia pretexto. Pelo menos não existia pretexto maior do que o primeiro dedicado. Inventou-se o pretexto. Inventou-se bem e com harmonia.
E então ficou, já de olhos abertos, já mais segura de si, já conhecedora das sensações e confiante nelas – também confiava no destino que a tinha levado até ali, deixando de questionar o acaso por se sentir tranquila perante ele.
Ficou ali. E o pretexto deixou de ser pretexto, os olhos foram-se fechando até que fecharam totalmente, embora ainda expectantes. Muito expectantes! De manhã foi outro dia, outra luz, nova vida… A expectativa teve até capacidade de sorrir, á pressa, como se fosse uma ferida daquelas que já não acreditam em acasos para sarar.
Nunca mais voltou a percorrer as ruas… Voltou, mas não daquela forma expectante como se nunca as tivesse visto.

Que é feito de ti?
Que é feito deles?
Porque lhe chamam Lobos do Mar?
E que pranto é este que se exprime pela a fúria dos braços, através das lágrimas grossas e dos gritos roucos?
Tens o coração em ferida?
Consegues silenciar a dor como se fosses bronze frio?
E tens memória?
Lembras-te?
De tudo?
De tudo mesmo?

No dia em que troquei uma flor por uma flor. No dia que dizem ser, o Dia Internacional da Mulher.
Monumento evocativo do naufrágio de 1947 // 15h20 // Café TITAN - marginal de Matosinhos

2 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
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