sábado, 29 de dezembro de 2007

Tudo...

Olha, sabes aquela história que te contei? Desculpa! Não é verdade.
Não sei porque é que o sentimento, que nem sei se é de culpa ou de alívio, decidiu que era hoje que te confessava tudo. Mas já que estamos em maré de coragem…
Olha, sabes aquilo que te disse e te obriguei acreditar, quanto te pedi que confiasses em mim e em tudo, aquilo que te descrevi como sendo como dizia que era… Sabes? Era mentira. Desculpa!
O meu maior erro foi cair na tentação de lhe inventar um nome. Aliás, não foi um erro, foi o começo de tudo, e não se pode chamar erro aquilo que começa o tudo. Mas, sim, confesso-te, inventei-lhe um nome, pois, e os outros todos também não são verdade, exacto, nem o sobrenome, nem o diminutivo… Desculpa!
Não me perguntes porque o fiz. Pergunta-me antes porque é que não o fiz mais cedo.
E não me julgues também, por favor. Pensa primeiro que, ao te pedir que me desses uma hipótese, estava certa que a merecia, por ter tanta certeza de que a queria, assim como te ia contando. Por isso, não te zangues, nem tens o direito de te zangar. Eu também te dei a hipótese de acreditares em mim.
Pequei? Sim! Porque de todas as vezes tinha um pormenor novo para juntar a tudo. E pecaste! Sabes? Pecaste porque alimentaste a minha busca insaciável de pormenores, de cenários e de construções.

A culpa não é tua, nem nossa, só que também não a queria só para mim.
Olha, sabes que não me arrependo. Desculpa porque te menti, mas é que não consigo arrepender-me. Já tentei! Não consigo! Até sorrio de cada vez que recordo os teus olhos ávidos de mais pormenores, as tuas mãos suadas quase a invejar o que te contava, o teu ar preocupado quando te dizia que a coisa era séria… Desculpa! Não estou a fazer troça de ti, mas também te vais rir, quanto te passar a raiva, disto, de tudo…
Não me posso arrepender. Não, mesmo que mereças tudo (acho que já te tinha dito isso, ou era acreditava que merecias, porque querias) não me arrependo porque aqueles momentos deram-me tudo, e se fiz de ti o que sempre foste mais uma vez (e não me refiro à parte em que confesso a mentira) era porque sabia que estarias à altura de tudo…
Olha, sabes nem eu própria te consigo explicar o que foi aquilo, o porquê daquilo, como é que começou, cresceu, e ganhou as proporções que conheces e que agora te confesso, não são verdade.
Ah… Foi alucinação!
Aliás, o facto de existires é o quê? Tu também és… A alucinação de sempre!
Sabes que mais? Retiro as desculpas! Já viste que sou sempre eu?


...
FOTO: (um bocadinho da) Praia de Vilamoura_Outubro/07
ENQUANTO TENTAVA AGARRAR

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