quarta-feira, 25 de abril de 2007

Galiza 2005 // Portugal 2006

Na Praça D. João I, Porto, ouviu-se a "Grândola Vila Morena" em português e em galego mas a "uma só voz". Os 32 anos, da Revolução dos Cravos de 1974, foram comemorados por galegos e portugueses. Juntos entoaram cânticos de Zeca Afonso, entre outros nomes do 25 de Abril.

"A Galiza é muito especial porque falam um português esquecido, um português que ficou perdido no meio da história. Há muita gente do lado de cá e do lado de lá que se quer reencontrar”, Manuel Leitão do Movimento pela Paz (organização).

"A minha ligação a Portugal vem de longe. Começou porque sou galega, logo a proximidade linguística e geográfica é óbvia. Entretanto fui tendo cada vez mais conhecimento quanto à música de Portugal, à sua literatura e à sua história, e da história faz parte a revolução do 25 de Abril, como uma das mais formosas e marcantes revoluções do mundo. Para mim foi sempre uma referência", Uxia Senlle, cantora galega.

"Hoje no ensaio explicava aos músicos da orquestra que cantar a Grândola não é como cantar uma canção qualquer. Mesmo galego, eu sei o que significa e significou Grândola em Portugal. Para mim esta canção tem muito mais significado do que uma mera troca de regime político, é o cântico que mostra a força do povo", Rodrigo Romani, director da orquestra de folk galego – Son de Seu.

"A música popular portuguesa é muito rica. Para mim é das que melhor sabe agrupar o presente e a mensagem transmitida todos os dias e as raízes, as ligações à terra e ao povo. Tanto Fausto com Zeca Afonso são grandes nomes da cultura musical portuguesa e da poesia de intervenção. Foram meus maestros, minhas inspirações e meus mentores", Uxia Senlle.

"O 25 de Abril também foi importante para a Galiza. Os nossos vizinhos tinham dito: ‘Acabou-se!’ e nós vivíamos em plena ditadura de Franco mas pelo menos pelo lado português já se podia circular e falar livremente", Rodrigo Romani.

"Para as pessoas de uma determinada idade que o viveram, é uma data que continua a ser vivida com todo o entusiasmo e com todo o carinho. Para os jovens, compreendo que esse simbolismo não tenha tanta força mas, apesar do conflito de gerações, a mensagem vai passando e tenho convicção de que o 25 de Abril ainda está vivo", Manuel Leitão.

"Ainda se podia comemorar e assinalar ainda mais o 32ª aniversário do 25 de Abril. É importante que o 25 de Abril não caia no esquecimento, que as pessoas lembrem e saibam o significado dos valores de Abril e aquilo que uma geração inteira lutou para conquistar e sofreu para construir. Agora cabe às gerações mais novas fazer vingar", Gabriela – membro da AJAForça (Associação José Afonso).

"No ano passado, na Galiza, vivi o 25 de Abril junto a pessoas, galegos que me acarinhavam e levantavam cravos vermelhos na minha direcção com a intenção de me homenagear só porque sou portuguesa”, Maria Corte (única portuguesa da orquestra galega Son de Seu).

"Parece que em Portugal cada vez menos se comemora o 25 de Abril, ou então faz-se por mero acaso. Porque cantar umas músicas parece bem. Alguns ficam simplesmente em casa a aproveitar o feriado. Na Galiza, os valores desta evolução, que nem sequer é a deles, estão mais vivos", Maria Corte.
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MONTAGEM DE FOTOS TIRADAS EM SANTIAGO DE COMPOSTELA - 25 de Abril de 2005 // EXCERTOS DE TEXTOS PUBLICADOS NO JPN - 24 para 25 de Abril de 2006 // RECORDAÇÕES PRESENTES DE QUEM NÃO VIVEU o 25 de Abril de 1974

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