segunda-feira, 19 de março de 2007

Insónia


Era tão bom que tivéssemos um botão daqueles botões de on/off.
Não quero voltar a entregar-me a vocês.
Passo a mão pelo corpo, suspiro, tapo-mo e destapo, não sei se tenho frio ou calor, não sei o que tenho, só sei o que quero.
Quero dormir!
“O General e o Juiz” de Luís Sepúlveda é o livro de cabeceira, mas estou inquieta demais para ler e o acto de ler merece mais de mim.
Já tentei tudo.
A música desperta-me e não me embala. Alias, não gosto de nada. Hoje só se fosse Fado Vadio.
A mão outra vez. As mesmas curvas percorridas. Procuram alguma coisa, alguém de quem já são dependentes. Culpam-me! Censuram: outra vez!
Estou confortável, os suspiros confundem-se com o olfacto assim como a memória ignora a vontade de dormir.
Mas preciso tanto e não quero entregar-me a vocês.
78 cêntimos no telemóvel, casa vazia, quatro resistentes na net. Aturam-me os 93 do costume, aqueles que já adivinham as minhas noites assim e sabem que são cúmplices delas.
Já são horas… vocês estão a ganhar terreno. Sou fraca!
Enrolo-me nos lençóis, rebolo na cama, fecho, abro, pisco os olhos com força.
Já não consigo pensar, só quero adormecer!
Mas resisto, não vou entregar-me a vocês outra vez!

Sem comentários: