domingo, 18 de fevereiro de 2007

Gosto de...


Gosto de adormecer anestesiada
Gosto de adormecer com a certeza de que vou acordar a sorrir
Gosto de acordar com a certeza de que o arrependimento vai ser o mais doce dos sentimentos do dia
Gosto de pão acabado de sair do forno e sumo de laranja em dias de ressaca
Gosto de sinais vermelhos
Gosto de recordar olhares fundos, profundos, intensos, penetrantes
Gosto de sentir-me despida por esses olhos e vestida por qualquer coisa alheia que me faça trocar a insegurança pelo gozo
Gosto de desejos
Gosto de impulsos
Gosto da noite, sou da noite, vivo porque a noite existe
Gosto de passar o dia a contemplar as coisas mais banais da vida como se fosse a primeira vez que as visse
Gosto de me perder nas recordações enquanto estou, no comboio, a caminho de casa
Gosto de me perder pelas ruas
Gosto de não ter defesas de vez em quando
Gosto de dançar, sobretudo dançar na profundidade de um olhar
Gosto de sonhar e não me lembrar do que sonhei, sabendo que contornos teve o sonho, só pelo milagre do inconsciente, pela força das recordações
Gosto de ser cúmplice de mim própria
Gosto de adormecer anestesiada e acordar a sorrir

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