segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

Sonhei contigo


Sonhei contigo mais uma vez. Porque mesmo quando não me lembro, não te vejo o rosto ou ouço a tua voz, o teu soar de romântico e sedutor, sei que és tu, sinto que és tu, só podes ser tu. Só quero que sejas tu.

O sonho é sempre igual. Faz-se, lê-se, compõe-se de fragmentos de tempo, déjà vus que só nos pertencem a nós. Da vez que tive nua nos teus braços pela primeira vez ou da vez que me fizeste sentir parte da paisagem que se via da tua janela, aquela que partilhávamos de perspectivas e distâncias diferentes. Da vez em que chorei por sentir prazer e me secaste as lágrimas e de quando o fumo cobria a luz do teu quarto, fazendo formas que ambos tentávamos descodificar fundidos num só.

Vês como só podes ser tu. Estás no meu sonho: fecho os olhos, agarro os ferros, suspiro e deixo-me ir. Estás lá, és sempre tu. A respiração é a tua, o gosto que sinto na boca é o teu, inconfundível, intenso, como o cheiro do teu corpo, do suor que se entranha nos meus poros. É pela tua cara que passo a mão, são as minhas formas que decoras, os sinais e as sardas que contas. O tempo é todo nosso, quando estamos juntos nunca há tempo.

Mas é só um sonho, só uma esperança, minutos em que fico ofegante, te sinto, te desejo e te vejo partir. Te vejo partir outra vez. Resta-me a recordação, o sorriso nos lábios, a satisfação por te ter tido para mim, em mim, voltaste por mim, num sonho que é só meu.
Pois… Nunca te soube dividir. Nunca! Ninguém sabe dividir o primeiro amor.

Hoje já não durmo mais. Não consigo. Continuo a sentir-te a ouvir-te enrolar a voz até que te peço para calar. Continuas comigo, só o cenário é que já não é o nosso. Já não durmo porque vou continuar a lembrar, vou ligar a luz vezes sem conta para olhar para a mesma fotografia, o mesmo símbolo da nossa história, vou tocar outra vez as recordações que tenho de ti.

Recordar… recordar… os passeios de mãos dadas na ternura do dia ou na loucura da noite. O parque, o vento, as ruas, a água salgada. O medo de estar contigo e ser vista, confundido com o sentimento de posse. Mas porquê? Porquê que os meus desejos já são só recordações?

Come se la parola SAUDADE potesse essere tradotta col tuo NOME, come se fossero due sinonimi


1 comentário:

Alma Sentida disse...

ssEste teu texto está fantástico!!!


"A chuva varre as janelas do teu apartamento.
A minha bagagem repousa ao abrigo do vento
E eu nem preciso de olhar para ti
Para saber o que esperas de mim.
Tu queres-me fazer cumprir
Coisas que eu não prometi.

Tu também sentes na pele o sopro da mudança,
Mas ficas sentada na sala à espera da esperança.
Aprendemos juntos a enfrentar o frio,
Embarcámos juntos no mesmo avião
E agora tu queres parar...
Dormir na margem do rio.

Mas, basta-me saber que há sempre alguém a lutar contra a corrente
Para me apetecer saltar,
Ir nadar ao lado dele,
Derretendo com o olhar
Todos os muros de gelo
E não consigo descansar
Enquanto não alcanço uma nova nascente.

Dizes que não suportas ver-te sózinha ao relento,
Mas tudo o que fazes é soltar o teu longo lamento
E eu vou para o meio da multidão,
Não levo a virtude nem a salvação,
Mas levo o meu calor
E uma guitarra na mão

E basta-me saber que há sempre alguém a lutar contra a corrente
Para me apetecer saltar,
Ir nadar ao lado dele,
Derretendo com o olhar
Todos os muros de gelo
E não consigo descansar
Enquanto não alcanço uma nova nascente.

E quando te voltar a apetecer seguir em frente,
Se me quiseres acompanhar,
Canta uma canção de amor,
Pinta os olhos cor de mar...
Põe no teu peito uma flor,
Traz um amigo qualquer
E vamos juntos abraçar o sol nascente"

JP.