terça-feira, 16 de setembro de 2008

"A girafa que comia estrelas" (5)


(...)

Não havendo nuvens também não chove – a savana começou a secar. Era difícil encontrar alguma coisa para comer. As girafas andavam muito fracas. Dona augusta já quase não conseguia caminhar. Olímpia era o único animal, em toda a savana, que continuava gordo.

Podia faltar capim, podia ser difícil encontrar árvores com folhas tenras, mas à noite, no céu, havia sempre estrelas saborosas para comer.

Decidiu então partir à procura de ajuda.

Andou, andou, andou. Andou muito. Uma madrugada acordou com um alegre cacarejar. Abriu os olhos e viu Dona Margarida, lá em cima, pendurada numa nuvem.
Levantou o pescoço e foi ter com ela.
Contou-lhe o que tinha acontecido: na savana não chovia há muito tempo, o capim secara, as árvores tinham perdido as folhas, e os animais estavam a morrer.

O que fazer?

Dona Margarida fechou os olhinhos para pensar melhor.
Pensou com muita força:
“Já sei”, disse, “vamos soprar as nuvens”.
Parecia uma ideia tola, mas Olímpia experimentou e deu certo. As duas juntas, sopraram e sopraram, foram pouco a pouco enchendo de nuvens o céu da savana.

“E agora?”, quis saber Olímpia quando finalmente conseguiram juntar uma boa centena de nuvens mesmo em cima da terra seca.

“O que temos de fazer para que a chuva caia?”

Dona Margarida arrancou uma pena da asa direita e coloco-a no nariz da girafa:

“Agora espirra!”

Olímpia espirrou.

(...)

JOSÉ EDUARDO AGUALUSA

Vi. Vi numa estranha máquina em que apareces a preto a branco. Apareces sobre o aspecto de ondas ora serenas ora rebeldes. Ainda não imagino como és. Nem quero. Prefiro ver-te. E da próxima vez estarás mais nítido. E da próxima vez já te vou ver. E da próxima vez já me vou reservar o direito de imaginar como és. Como vais ser. Embora já sejas a estrelinha mais brilhante da tia. Até já…
...

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