terça-feira, 6 de março de 2007

Os (pequenos) momentos que compõem a vida

A manhã (de ontem): o sono muitas vezes interrompido pelo coração a bater muito rápido. Voltaram os momentos que nunca soube explicar em que acordo comigo mesma, e repare-se, não é por mim mesma, mas comigo. O telemóvel fez as honras ora com mensagens (umas enviadas outras por enviar), ora com um despertador que já nem dá credito à dona. Arrependimento – muito; relaxe – o suficiente; coração – não foi desta que saiu do peito.

Ensinamento da tarde: se fizer sempre isto vou ter de conviver com a minha própria culpa. Não ir à redacção, por capricho, é o mesmo que o “bom jogador” não saber agarrar a titularidade por chegar tarde aos treinos. Ai… sempre atrasada, sempre indecisa, sempre a ver a repetição do Golo, porque estava distraída com qualquer coisa que se passava do outro lado do campo.

Pela noite dentro: uma entrevista de duas horas desgravada às cinco da manhã, depois de muito petiscar na cozinha, duas Super Bock’s no café (mais ou menos) do costume, em dia de capas negras, uma novela na TV, uma novela caseira com uma colega sorridente, duas séries e um filme qualquer apanhado por acaso num zapping tresloucado de quem quer adiar o trabalho.

Do filme, que nem sei o nome, regista-se o diálogo entre os assaltantes do banco. Teddy diz: “a vida é uma série de coincidências”, ao que Billy responde: “a vida é uma comédia de erros”. Bruss não concorda e fala em amor. É tão bom ver o durão da fita (porque nesta não havia maus da fita, só moços desajeitados) a falar em amor.

Da entrevista, com o senhor presidente da Junta, registam-se frases boas para título, frases boas para se iniciar um romance e outras que não lembram a ninguém (haja humor e criatividade). Fica a certeza de que não gosto da minha voz e de que, quando estou nervosa, faço as perguntas mais parvas da história. A pseudo-jornalista lenta e dislexica aprende que há que dar uso ao e-mail, quando a chefe e o entrevistado não se importam. E que palavras simples como “demasiado”, se escrevem exactamente assim e não mil vezes “demaseado”, mil vezes sublinhada pelo word a vermelho.

Inicio de um novo dia: eis que a colega de casa ensonada pergunta porque acordei tão cedo. “Ainda não dormi direito”, respondo. Daqui por horas, ela não sabe se sonhou ou se cruzou comigo e eu ainda não tenho a certeza de que não estou a viver um delírio. Nasce um novo dia lá fora, a chuva mostra que veio para ficar, mas isso não me incomoda, gostei de lhe acompanhar o humor durante a madrugada, foi e voltou, assim como o passageiro de autocarro segue viagem rumo a mais um dia de trabalho.

Expectativas? Mais mundinho matosinhense, mais conversas banais (ou não) na redacção e na net, joguinho de futebol entre o Chelsea e o FC Porto (que ganhe o pior ou perca o melhor), uma festa de anos para fechar a noite, possivelmente com amigos antigos com quem não estou há algum tempo e, com sorte, a responsabilidade bate-me à porta e volto a casa cedo, ou então ninguém sabe o que reserva a noite, porque esse é o encanto da vida e dos seus pequenos momentos.

Com muito, muito, muito brilho, BOM DIA!

Sem comentários: